quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Analisando a Grade Curricular

Por Antônio Carlos Vieira

         É comum, no início do ano se fazer uma reunião, chamada Pedagógica (eu sempre digo que é administrativa), para se discutir os problemas passados do colégio e como se resolve-los no futuro. Um dos temas que geralmente são discutidos é a Grade Curricular. Essa grade é quem defini a quantidade de aulas por disciplinas para cada série, observando a carga horária mínima obrigatória.  Na decisão de equacionar a grade curricular podemos observar duas situações: a)quando a grade já vem pronta da secretaria (é imposta aos professores);  b)quando se discute na Reunião dita Pedagógica.

          Na grande maioria dos colégios, essa grade,  geralmente, vem definida da Secretaria de Educação e é equacionada de acordo com interesses administrativos  e nem sempre pedagógicos. Entre esses interesses está o de alocar a quantidade da aulas de acordo com a quantidade de professores, salas de aula e alunos disponíveis na rede, as vezes visando a economia de professores (clique aqui). Se existe professores sobrando de uma determinada disciplina e faltando em outras é feito a arrumação colocando mais turma para os professores de determinada disciplinas que estão sobrando e diminui-se a quantidade de turmas para os professores que estão faltando e se mesmo assim ficarem turmas faltando professores, aumenta-se a quantidade de alunos por sala de aula e conseqüentemente diminui-se a quantidade de turmas.  E ultimamente tem-se colocado os chamados pacotes (são exemplos os Acelera e o Ensino de Jovens e Adultos, clique aqui) para apressar o aluno em determinadas séries visando com que ele complete o primeiro ou segundo grau, mais cedo,  com o intuito de que ele saindo irá abrir novas vagas para novos alunos.

          Quando a grade é definida em Reunião Pedagógica os critérios são discutidos com os professores e pedagogos e a decisão final é enviada para a Secretaria de Educação.  Atualmente, a grande maioria dos colégios tem em sua grade, a disciplina de Matemática com cinco horas aulas por turma, Português  tem cinco aulas por turma (disciplinas de Português mais Redação), a disciplina de História, Geografia, Biologia e Física tem duas aulas por turmas. Nessa arrumação os professores de Matemática e Português sempre estão levando vantagem. Esses professores tem cinco turma para preencher a carga horária, enquanto um professor de historia,  Geografia, Biologia e Matemática tem que ter 12 turmas para preencher uma carga horária equivalente a 25 horas aulas semanais.

         Fazendo uma análise, do que está exposto anteriormente, com turmas de 40 alunos, iremos perceber que os professores de Matemática irão ter 5 cadernetas para encerrar e 200 alunos para passar as devidas avaliações, enquanto os professores de Geografia, História, Biologia e Física terão  12 cadernetas para encerrar e 480 alunos para passar as devidas avaliações. Nesse quadro, já se percebe que os professores de Matemática levam uma grande vantagem sobre os outros professores!!!!

         Aprofundando-se, nesta análise,  é que se faz a pergunta: e porque os professores neste Reunião Pedagógica não alteram  a Grade Curricular para diminuir essas diferenças? O problema consiste que a decisão para alteração é por voto de  maioria absoluta e se você observar, para cada professor  de Geografia(em um colégio com doze turmas) existem três professores de Matemática e três professores de Português. Já se percebe que esses professores serão maioria e conseqüentemente jamais irão votar contra eles mesmo. O caso se agrava  se as coordenadoras pedagógica  tiverem aquele hábito popular de acharem que as disciplinas de Português e Matemática devem ser privilegiadas por serem mais importantes.

          Se for colocado em votação para se diminuir as aulas de História e Geografia para uma aula por semana, neste caso a coisa se agrava e serão cinco professores de Matemática para um professor de Geografia. Em relação a quantidade, de alunos,  irá aumentar de 480 para 1250 e conseqüentemente serão 1250 avaliações, exercícios e trabalhos para os professores que tiverem suas disciplinas diminuídas para uma aula por semana. E nesse caso para se voltar a grade anterior, por votação, os professores de Matemática serão cinco votos contra um de Geografia.

          As conseqüências desse aviltamento nessas disciplinas são: os professores, das disciplinas com poucas aulas e muitas turmas,  passam trabalhos as avaliações em grupo  e no caso específico dos exercícios, eles passam a fazer a devida correção em sala de aula. Não precisa dizer que esses procedimentos não são didáticos e provocam  queda na qualidade de ensino.

OBSERVAÇÃO.: Embora os professores de Matemática levem vantagem, sobre os demais professores, em termos quantitativo, em termos qualitativo eles sofrem os mesmo problemas dos demais professores. Não se esqueçam que para se ter uma boa aula a quantidde de alunos tem uma grande influência e para economizar (clique aqui)  se coloca turma com até 50 ou mais alunos(em alguns casos chegam a mais de 60).


4 comentários:

  1. Pelas colocações o que menos preocupa e a qualidade do ensino. a impressão e que estamos lendo o manual de uma maquina para se colocar em funcionamento!!!

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  2. Ótimo comentário.
    A questão que deve ser colocada é: qual matéria deve ter qual carga horário e a escola e os professores se adequarem.

    Eu, particularmente não considero que deveriam haver tantas aulas de quimica, física e biologia no ensino médio. Deveriam ser ofertadas somente no 1º ano ou na 9ª série. Enquanto máteiras mais importantes como filosofia/direito ou a antiga moral e cívica; música/arte/literatura simplesmente não existem.

    A grade curricular brasileira deveria ser totalmente revista. Meu ponto de vista.

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  3. Infelizmente a grade curricular não atende as verdadeiras necessidades pedagógicas e pior ainda são as faculdades que montam a grade curricular visando otimizar custos.

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